Cheguei à sala e ouvi alguém dizer que já iríamos gravar. O medo começou a me dominar, talvez o mantra que vinha repetindo até agora não servia para nada, pensei. Fomos todos para o saguão, onde haveria mais espaço para ser gravado o fiasco da minha vida. As pessoas se posicionaram numa fila por ordem alfabética esperando sua vez. Sendo que na noite anterior numa tentativa de negar meu nervosismo, não tinha escrito minha matéria. “Ainda bem que o meu nome é com jota, tenho tempo ainda!” falei baixinho. Afastei-me e fui escrever, fingindo uma descontração, tentando- em vão- manter a calma. Pronto, como eram apenas 30 segundos não tinha que ser muito extensa. Contemplava a folha de caderno sentado no sofá em frente ao diretório do prédio, quando ouvi o professor chamar meu nome, gelei. Cheguei lá e a menina que vinha antes de mim na chamada já estava acabando, virei-me para o de trás “O que faço mesmo depois que acabar de dizer o texto?” interrompendo a memorização do seu texto ele disse, “Tu assina!” .“Eu assino.”repeti como se fosse óbvio .
Fui lentamente em direção ao objeto que me causava tanto receio, e enquanto me passavam as instruções “segura o microfone assim... te posiciona dessa forma...olha pra lá.” usava todos os segundos para relembrar rapidamente o que ia dizer. O professor de trás da câmera acenou-me, aquilo significava que quando estivesse pronta poderia começar. Sentindo minha mão tremer, segurei o microfone com força e bravamente comecei a falar. Não me lembro o que aconteceu enquanto falava,quando dei por mim estava assinando “Joana Barboza,direto do Saguão da Famecos”. Entreguei o microfone para o próximo e sai sorrindo. Quando me perguntaram como foi, respondi “Bah,super fácil! Dá para fazer brincando!”
Joana Barboza